quarta-feira, 31 de outubro de 2012

~ 39~




Deu acordo de si estendida no canapé, sem saber se adormecera, se viajara.
Tomás deitara-se sobre as suas mãos, transformando-se num belo e confortável regalo. Com a ponta dos dedos, Mariana afagou-me o queixo: " Diz-me tu...que encerras segredos milenares dos teus ancestrais diz-me, Tomás.... veio este homem transformar a minha vida?" 

Nos olhos oblíquos, Mariana encontrou a resposta que procurava. E manteve-se recostada, com Tomás ao colo, enquanto a penumbra invadia o atelier, mas a luz inundava o seu coração. 
A voz de Vasco ressoava na sua mente, de uma forma tão real, tão profunda e Mariana permitiu que a sua alma, tão aprisionada, voasse.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

~ 38~




Rodopiou, embalando a pequena nos seus braços, enquanto Smile também tentava entrar na roda. Suavemente, colocou-a no chão e segredou-lhe: "Shiuuuu, ainda acordamos a mamã. Ajudas-me a fazer o pequeno-almoço?" A pequena assentiu num acenar mudo, mas agarrou-lhe a mão com força. Não tencionava largá-lo, agora que chegara, finalmente, o tinha perto de novo.
Smile abriu caminho, com a enorme cauda a abanar. Também ela estava feliz, e "sorria": voltava a haver vida naquela casa.
No piso inferior, entraram na cozinha, que se mantinha arrumada como na véspera. "Esta cozinha está morta" - pensou Vasco. Aquela cozinha, outrora palco de tanta azáfama, tantas pessoas numa roda-viva, podia ouvir os ruídos, sentir o cheiro dos alimentos, preparados com amor e carinho. 


Passando a mão pelos cabelos, afastou esses pensamentos - apenas agora dava conta como eles o torturavam.
"E nós. vamos fazer um banquete!", anunciou à pequena, que de imediato bateu palmas - não era a ideia de comida que a animava, era a presença do pai.
Vasco encheu a tigela de ração, que colocou ao alcance de Smile e virou-se para os armários. "Hum. que temos por aqui?!" E foi retirando os alimentos que considerou importantes, completando a grande mesa de apoio com outros que retirou do frigorifico. Enchendo um copo com leite, que colocou nas mãos da criança, fez-se ouvir:" Isto é só o começo". A pequena engoliu de um trago e, pousando o copo vazio, deu-se o início de uma animada e primaveril refeição domingueira.