sexta-feira, 13 de julho de 2012

~31 ~




A custo, Vasco encaminhou-se para o carro. Eufórico, mas, simultaneamente, [quase] triste. Feliz, mas contido. Sentia-se antagónico, nada habitual na sua personalidade naturalmente segura e optimista. Reviu-se no vidro do carro, ao colocar a café: reflectia um miúdo. De cabelo espetado e calções curtos. Só o olhar era o mesmo. O olhar 'líquido', atrevido, de petiz. O olhar da imensidão de terras de África, perdidas entre desertos. A mesma expressão que o acompanhara anos fora e que tantas portas lhe facilitara, entre negócios e mulheres. Seria, agora, uma barreira?
Mariana parecia ser imune a esse poder. A sua atitude reservada era superior a qualquer poder ou intimidação.
Vasco dirigiu-se ao escritório, que estava deserto. Sendo sábado, as crianças estariam ocupadas em actividades diversas e não sentia vontade de enfrentar a casa vazia. Não quando a presença de Mariana era tão intensa.

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