domingo, 11 de novembro de 2012

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A noite terminara sem incidentes desagradáveis: o jantar decorrera na normalidade (Vasco interrogava-se sobre a nova definição de 'normalidade'), todos pareciam felizes por estar juntos. Os jovens eram sinceros nas suas emoções, a pequena era transparente na dedicação. até Smile, deitada sobre a imensa carpete, sentia-se em paz.

Quando os pais deram a refeição por terminada, os rapazes levantaram-se de um salto (era demasiado tempo parados para a sua juventude.), Vasco levantou-se lentamente, enquanto a pequena corria ao andar superior para lavar os dentes e não perder um instante sequer longe do pai. Smile não abandonou a sala. Permaneceu. O casal encontrava-se agora a sós e a aparente cordialidade desaparecera. Vasco olhou o rosto magro e fechado - outrora tão belo e resplandecente -, e os olhos frios que o fitavam com escárnio: " Até quando esta farsa vai durar?". Vasco pensou: "já nem a farsa dura, não existe nada, nem sequer indiferença", mas respondeu: "Pouco tempo, a Pequenita está a crescer rapidamente". Virando as costas, Vasco dirigiu-se à porta da sala, seguido por Smile, encontrando a filha que se aproximara. Dirigiram-se os três para o alpendre. O balouço. O balouço albergou-os, enquanto olhavam as estrelas na noite tranquila.
Smile ao pés, ressonava ligeiramente, fazendo a pequena sorriu e encostar-se ao pai com mais força: "Quando voltas, Pai?" - sempre a mesma pergunta, mesmo sabendo que obteria sempre a mesma resposta: "Rápido, querida, rápido, tens a escola, os colegas e os estudos. Depois, contas-me tudo".

Vasco abraçou-a com força, agora no seu colo. Reconfortou, assim, o corpo frágil da criança, que se aninhou no seu peito, contemplando a noite.






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